terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Projeto lobatiano: a pena e o escritor

Um primeiro ponto que chama a atenção em Monteiro Lobato e que o distingue de outros escritores do mesmo período é o fato de que ele concebeu um projeto eminentemente literário, pois, ao contrário de outros literatos contemporâneos do escritor paulista, a literatura não constituía mero veículo das transformações ou simples porta-voz das idéias de mudança, mas o próprio instrumento das transformações. A novidade do projeto literário de Lobato é seu desdobramento em duas frentes igualmente importantes: a própria escrita literária e o empreendimento editorial. Aqui me ocuparei do texto lobatiano.
Em carta endereçada ao seu amigo Godofredo Rangel em 1908 - portanto, bem antes de se tornar um autor consagrado -, Lobato já indica qual o material que mais tarde utilizará em seus contos: Os artistas subjetivos que só tiram de si em vez de tirar do mundo que os rodeia, ficam introspectivos em excesso e acabam satisfazendo a um público muito restrito: a si mesmos.
Lobato, pois, era um escritor que valorizava a observação cuidadosa do ambiente que o circundava - fruto da influência das teorias cientificistas do início do século - para justamente cumprir aquele que julgava ser o papel social do intelectual: produzir conhecimento e torná-lo acessível a um público sempre maior.

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